Se o mundo cobrava o futebol arte do Brasil, o tiveram em alguns momentos do primeiro tempo.Diante da conhecida rival de copas Holanda, a equipe de Dunga apresentou sua melhor bola na competição.
Pelo menos no primeiro tempo.
Passes longos, curtos, tabelas, ultrapassagens, o repertório embaraçava a zaga européia.
O gol de Robinho anulado por impedimento serviu para alertar o adversário.
Que não teve tempo de pensar em nada eficiente.
Aos 10’, Felipe Melo deu um passe de craque, do meio campo, para Robinho, na entrada da área.
O mundo viu a bola buscar o santista e ele, sem dominar, matar o goleiro.
1 a 0 mais fácil do que se imaginava.
E o Brasil seguiu o primeiro tempo melhor que o adversário.
Mas Kaká ficou no quase, após linda triangulação, e Maicon também, em chute forte da ponta direita.
Até Juan teve sua chance, mas com os pés ele é bom nos desarmes.
O Brasil criou sem número de oportunidades.
No entanto, o apito chegou antes de o placar se mexer.
Apesar da superioridade, nós, brasileiros, sabíamos que Kaká era 80%, que Luis Fabiano podia mais e que Michel Bastos não podia mais.
Mas para passar o Bojador, tem que passar além da dor.
E nós não agüentamos.
Como doeu não ter um bom lateral esquerdo.
Como doeu não poder poupar Kaká e substituí-lo em bom nível.
Como doeu ter um banco sem a menor pretensão de titularidade.
No segundo tempo, a fraca, fraca Holanda virou o jogo.
De que adianta ter o melhor goleiro do mundo, se ele assim não for no momento decisivo?
Julio César saiu mal, em chute de Sneijder, e Felipe Melo colocou para dentro.
Pouco tempo depois, Robben cobrou escanteio, Kuyt tocou para trás e Sneijder, pequenino, cabeceou a virada, na frente de Felipe Melo e Gilberto Silva.
O gol contra e a virada acordaram a destemperança do volante Melo, que foi expulso após pisar em Robben já caído.
Uma atitude esperada, mas estranha, por ser um homem de tamanha confiança de Dunga.
A Era do técnico Dunga escorria por entre os dedos; ao passo que borravam o verde-amarelo dos rostos de brasileiro que quiseram acreditar na forma de trabalho do guerreiro capitão.
Em 2006, craques e farra: Brasil eliminado nas quartas.
Em 2010, jogadores medianos e reclusão: Brasil eliminado nas quartas.
Pode ser apenas coincidência.
Mas se a Copa de 82 colocou fim ao sonho do futebol arte;
Quem sabe a deste ano encerre a temporada do pragmatismo na seleção canarinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário