
A oito de agosto de 1953, dia em que Georgi Malenkov, primeiro ministro soviético, anunciava que a URSS possuía bombas de hidrogênio, nascia na Inglaterra o explosivo Nigel Ernest Mansell, um dos mais combativos pilotos da história da Fórmula-1.
Determinado, agressivo, arrojado. Mansell carregou os melhores adjetivos no bico de sua carreira.
Carreira, diga-se, tardia.
O Leão, como era chamado, debutou na Fórmula-1 em 1980, aos 27 anos.
Logo na estreia, no GP da Áustria, sua Lotus pegou fogo e legou-lhe queimaduras de primeiro e segundo graus.
Não era a primeira vez em que Mansell se acidentava, suas atuações acima do limite no kart, Fórmula Ford e Fórmula-3 quase lhe tomaram a vida em duas oportunidades.
No GP dos EUA de 1984, em Dallas, data da primeira pole, a Lotus do piloto sofreu com pane seca a poucos metros da linha de chegada.
Mansell desceu do cockpit e desmaiou, tentando empurrar sua máquina à bandeirada.
Não havia corrida perdida para o Leão.
Em 85, Mansell cedeu seu cockpit da Lotus a um jovem piloto, Ayrton Senna, e integrou a equipe de Frank Williams.
Na escuderia britânica, o inglês alcançou o primeiro êxito na categoria, ao vencer o GP da Europa.
No total, Nigel venceu 31 provas, conseguiu 32 pole positions e tornou-se o terceiro piloto em voltas mais rápidas na Fórmula-1.
Nas temporadas de 86 e 87, por pouco o inglês não levou o mundial de pilotos: o azar enjaulava a glória do Leão.
No ano seguinte, sentou na Ferrari, que não era campeã desde 1979, com Jody Scheckter.
Mansell começou bem, vencendo o GP do Brasil, o primeiro da temporada. Entretanto, não terminou as quatro provas seguintes, e recolheu as chances de título à garagem.
Em 91 voltou à Williams. Andou bem na segunda metade do ano e foi excepcional na temporada seguinte.
Não houve acasos, acidentes, falhas ou oponentes que superassem as 9 vitórias de Mansell nos 16 GPs de 1992. As cinco primeiras do campeonato, vencidas de ponta a ponta.
Finalmente, a Fórmula-1 pôde colocar o piloto em seu hall de campeões.
A partir dali, Mansell foi dar seu show nos Estados Unidos. A convite de Paul Newman, o piloto aceitou o desafio de correr a categoria dos ovais.
Mas o desafio não foi dele, mas dos ovais, que não conseguiram segurar o piloto em sua temporada de estreia.
Se o Leão demorou 12 anos para ser campeão na Fórmula-1, a Fórmula Indy foi conquistada na primeira patada.
No ano da morte de Senna, Mansell foi aclamado a voltar à F-1 para correr as últimas quatro provas do campeonato.
O veterano de 41 anos, autor de algumas das melhores histórias da categoria, não declinou e ainda venceu o Grande Prêmio da Austrália.
No ano seguinte, correu dois GPs pela McLaren, no entanto, sentenciou que o carro não fazia jus à sua velocidade.
Foi seu último rugido.
Mansell abandonava as pistas, e com ele, a Era romântica da Fórmula-1 aposentava a bala-clava.