O racha entre FIA e FOTA, nos últimos meses, reforçou a impressão de que a Fórmula-1 se trata de uma categoria cada vez menos esportiva e mais financeira.Será que Ferrari e McLaren, se estivessem com o desempenho da Brawn nesta temporada, teriam interesse em causar tamanho enrosco nos bastidores?
Difícil sentenciar.
Enquanto o Grupo de Max Moslei e a turma das montadoras não aliviavam nas curvas mais delicadas da discussão, o expectador parou na reta oposta, dividido entre a disputa dentro e fora da pista.
Ferrari, McLaren e outras seis escuderias ameaçaram inaugurar nova categoria, sem tetos orçamentários e com as regras que bem quiserem. As duas maiores equipes da F-1 se ampararam no argumento implícito de serem elas as grandes atrações do maior evento do automobilismo mundial. Raciocínio ilógico, em uma categoria que perdeu Lotus, Lola, Ligier, Maserati, Penske, Brabham e outros 124 construtores, e perdurou.
Ferrari e McLaren não são a Fórmula 1.
E mais, uma categoria com oito escuderias seria pouco atraente. Quais outras equipes se sentiriam atraídas por disputar uma temporada sem limites orçamentários e contra dois gigantes?
Max Moslei sabia disso, e anunciou que faria uma nova F-1, com novos participantes. O que não seria impossível, os gastos astronômicos atuais são um pé no freio de quem deseja entrar na categoria.
Mas a FIA sabia, também, que as maiores dissidentes são, hoje, suas principais personagens. Perdê-las, seria negativo para o fechamento de contratos milionários.
Nesse cabo de guerra, onde todos fingem, mas ninguém puxa a corda de verdade, o resultado não poderia ser outro: empate; ninguém sobe no topo do pódio.
No entanto, o entrevero não passou ileso.
No acordo, a FIA continua a comandar a categoria, mas Max Moslei admite deixar, em 2010, o cargo que ocupa desde 1993. As equipes concordam em aproximar, gradualmente, os gastos anuais com a realidade econômica mundial e se comprometem, ainda, em cumprir com seus deveres comerciais até 2012. O regulamento sofreu pequenas alterações, mas será o mesmo para todos os participantes e o sistema de pontuação será mantido. Para provar que não era blefe, Moslei anunciou três novas equipes para a temporada 2010.
Como se nota, mais do que uma solução, há um aparente adiamento do desenlace dos principais nós.
Ao expectador, a boa notícia é que, por hora, será possível dedicar as atenções exclusivamente aos duelos das pistas.
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